Obsessão e Desobsessão
Olá irmão!
Pensei muito antes de iniciar a escrita
desta matéria, mas algo maior, realmente superior à minha vontade, me fez
seguir adiante com o assunto. Este, por sua vez, não é nada muito simples, mas
também não é nada muito difícil quando realmente estudado e compreendido. Fique
tranquilo, iremos te ajudar com isso!
Para iniciarmos, apegue-se a seguinte
frase:
"Pra
que tratarmos o ódio com ódio, quando podemos tratá-lo com amor?".
Foi a partir de uma simples e magnífica
aula aqui no Templo, quando ouvi exatamente essa frase, que tive meus sentidos
aguçados para a Obsessão e senti a necessidade de seguir em busca de maiores
conhecimentos sobre tal.
Apoiada desde sempre por nossa Yá, fiz
parte de um grupo de estudos no CEKPT onde ela foi médium de desobsessão no
início de sua jornada. Paralelo a isso, juntas fizemos questão de entender o
Efeito Sombra e como ele interferiria ou auxiliaria nesse processo. Hoje,
compartilho parte disso tudo com vocês.
A verdade é a seguinte: não espero
fazer com que você domine o assunto, mas espero conseguir com que você conheça
e entenda o processo obsessivo, como e por que acontece, a ponto conseguir
ajudar aqueles que fazem parte dele ou quem sabe... se ajudar? Maravilha!
Vamos começar desconstruindo conceitos,
tudo bem? Então... Nem
todo egum é um obsessor assim como nem todo obsessor é um egum, chocante né? Vou explicar!
A definição de egum provém das nações
africanas de origem antiga e tem em seu significado "espírito
desencarnado", ou seja, aquele que já não contempla mais o sentido
material da criação divina. Então, este egum ao qual nos referimos agora, pode
não ter caráter obsessivo.
Para simplificar, pense agora em todas
as vezes que você utilizou as palavras "possessividade ou obsessão",
pensou? Com toda certeza, na maioria das vezes em que você fez seu uso, foi
para referenciar o ato de domínio ou posse excessiva exercida sobre algo ou
alguém. Pois bem, a obsessão é exatamente isso: a prática de exercer o domínio!
Tudo bem, tudo bem,
você deve estar se perguntando como tem início, não é? Então, sabe aquele péssimo
hábito que temos, e não adianta esconder, de perdoar mas não esquecer? Aqui não
é diferente.
Nem sempre a causa de
um processo obsessivo reside na atual encarnação, ela pode compreender séculos
passados e vidas distantes quando, por algum motivo, com atos de maior ou menor
gravidade, em total ou nula consciência, nós prejudicamos alguém.
"Tudo o que nos parece injusto, tem uma razão de ser, e foi motivado por uma ação
anterior que apenas está provocando um efeito tardio de reação."
(Diálogo com um Executor)
Mesmo que não nos
lembremos de tais pendências, nosso perispírito guarda as memórias adquiridas
em outras vidas, fazendo com que esse espírito persistente nos encontre. Sim,
isso é possível... ou você nunca teve aquela ligeira sensação de já ter ouvido
uma música antiga e ter estado em um lugar nunca antes frequentado? Curioso,
né? Eu diria: Deus!
Esse irmão, que ainda
não obteve total entendimento de sua situação ou das Leis divinas, encontra-se
obcecado por seu ato vingativo e motivado pelos sentimentos impuros de ódio e
injustiça. Eles nos procuram no tempo e espaço como “executores da justiça
divina”, para cobrar a “dívida” que contraímos.
“Seríamos nós a
julgá-los por algoz quando em outro tempo o algoz fomos nós?"
Acontece
que quando eles não conseguem exercer influência direta sobre sua vítima,
passam a buscar alternativas para concluir seu serviço, utilizando argumentos
persuasivos de diferentes intensidades em nossas vidas, quer ver?
Você
já teve a oportunidade de ler “Aconteceu na Casa Espírita?”
Um
grupo de obsessores liderados por Júlio César planejam um ataque minucioso a
este grupo espírita, pois seu trabalho tem surtido constante efeito em outras
esferas e diminuído suas tropas. Não conseguindo afetar diretamente o Centro,
Júlio ordena que um de seus subordinados siga em busca de uma brecha no
cotidiano dos membros. A médium fraternal, que acolhia a todos que chegavam na
Casa, foi a primeira e teve sua vida abalada após a influência desses
obsessores sobre o seu marido. Interessante, não é?
Quantas
vezes não acordamos sem vontade de ir para o terreiro ou nos deixamos
influenciar facilmente por situações fúteis em nossa rotina, espalhando
sentimentos não mais comuns aos nossos? É irmão, para cada lugar que emana luz,
existem pelo menos dez focos de escuridão. Seremos combatentes ou combatidos?
Pense nisso!
Entenda:
[...] uma simples vibração do nosso ser ou um pensamento emitido e evidenciamos
de imediato a faixa vibratória em que nos situamos, que terá pronta repercussão
naqueles que estão na mesma frequência vibracional.
Não,
não estou dizendo que devemos ser perfeitos o tempo inteiro, longe disso, mas
diria que faz parte do processo tentarmos sermos melhores a cada dia, pois uma
vez afinados conosco, querendo e pensando como nós, fácil se torna a
identificação, ocorrendo então que passamos a agir de comum acordo com eles, e
aí, sem nem perceber, somos parte disso. Já estava escrito: vigiai e orai.
"Escolher a nossa companhia espiritual, é de nossa exclusiva
responsabilidade".
(Suely
Caldas Shubert)
Contudo,
vale a pena ressaltar que nem todo obsessor tem consciência do mal que está
praticando, pois nem sempre o espírito consegue compreender que sua influência é negativa. Ele apenas se aproxima de uma pessoa
com a qual se afine energeticamente, agora eu te pergunto: como está nossa frequência vibratória? Temos ainda casos
daqueles que desencarnam e querem estar tão próximos e manter o zelo, que ao invés de ajudarem como pensam, acabam nos prejudicando.
A
partir do momento em que somos um, esses obsessores ganham espaço aguçando nossos
desejos e intenções mais profundas, ocultos de nós mesmos, enviando os
pensamentos numa repetição constante, hipnótica à mente da vítima, que
invigilante e sem total conhecimento sobre si, se deixa dominar pelo seu lado
negativo, já que a sombra tem maior campo de domínio nos seres humanos.
Sim,
acredito que essa seja uma das maiores artimanhas da obsessão e também uma das
maiores falhas humanas, é aqui que entramos no Efeito Sombra.
Conhecer
e dominar nossas sombras compreende um processo de autoconhecimento incrível e
nos faz alcançar a verdadeira resposta para as mais simples das perguntas: até onde
somos capazes de nos amar? Nos perdoar?
Isso
não faz de nós pessoas más ou errôneas, mas sim pessoas mais fortes,
conhecedoras de nossas próprias capacidades. Pare para pensar: ou dominamos
nossa sombra ou em algum momento ela nos dominará, certo? E até onde você se
conhece? Até onde está disposto a mudar?
"A obsessão nos possibilita a vitória na luta contra nós
mesmos.
A gigantesca batalha entre a sombra e luz."
A gigantesca batalha entre a sombra e luz."
(Suely Caldas Shubert)
Encare
este longo processo reflexivo como o início de uma grande descoberta!
Retomando
ao nosso conteúdo, nós discutimos até o presente momento sobre a obsessão de um
desencarnado para com um encarnado, mas e se eu te dissesse que existem outros
tipos? Sim, e são realidades mais próximas ainda as nossas.
Sabe
aquele ciúme doentio disfarçado de amor? A inveja que é transpassada pelo
olhar? O ego que faz você praticar tudo pelo poder, pisar em tudo e todos, e o orgulho excedente? Isso
é um tipo de obsessão de um encarnado para com outro encarnado. Aqui vale aquela figuinha ou aquele fiozinho de proteção, hein? Xô,
olho gordo! Brincadeirinha rs’
E
então aquele parente que desencarnou? Eu sei como é difícil o luto, mas as emissões
mentais constantes de dor, revolta, remorso e desequilíbrio não lhe permitem
alcançar o equilíbrio necessário para enfrentar a nova "vida". Esses sentimentos
de desespero podem transformar-se em obsessão e atormentá-lo ao invés de
ajuda-lo, e de repente somos nós os obsessores desse espírito, o que caracteriza uma obsessão de um encarnado para com um desencarnado. Que
tal uma prece?
Agora, se
você conhece uma pessoa egocêntrica, que vive voltada para si, presa num
passado do qual não consegue fugir, flagelando-se com sentimentos obscuros e
atormentados por si mesmo, temos aqui um tipo de auto obsessão. Sim, pode
acreditar, é comum! E quando dizem que nosso maior adversário somos nós mesmos,
tenha certeza disso! Como está o processo de autoconhecimento?
E
a obsessão não é exclusivas dos encarnados, ela pode existir de um desencarnado
para com outro desencarnado. Isso é possível em razão da desarmonia vibratória
de suas “presas”, que só alcançarão a liberdade quando modificarem a própria
direção mental.
Aproveito aqui para citar que os obsessores não
trabalham sozinhos, eles chefiam outros obsessores, que tanto podem ser seus
cúmplices por vontade própria ou uma espécie de escravos denominados refém-desencarnados,
dominados por processos análogos. Estes últimos, muitas vezes, cumprem com as
ordens desconhecendo o real motivo.
Por
fim, existe um tipo de obsessão denominado recíproca. RECÍPROCA. Ou seja, está
presente em ambas as partes, um já depende totalmente do outro, pois estão
completamente sintonizados, nutrindo-se das emanações de ambos,
transformando-se em simbiose (interação entre duas pessoas que vivem juntas). Neste
caso, o processo de desobsessão deve se dar de forma lenta e gradual.
Mediante
todo o processo descrito, somos encobertos pela sensação de remorso e tristeza
ou sintomas supérfluos, que fortalecem ainda mais a queda de nosso padrão
vibratório e consequentemente o processo obsessivo.
A
presença desses obsessores por longos períodos, pode levar a enfermidades
reais, mas preste atenção irmão, pois isso quer dizer que você tenha
patologias clínicas ou problemas físicos por conta de um processo obsessivo. Nem
tudo é problema espiritual.
OS
TRANSPORTES (DESOBSESSÃO)
Uma
das coisas mais incríveis da Umbanda é a liberdade que ela nos proporciona para
conhecer outras verdades acerca de um mesmo assunto, essa foi uma das coisas mais
bacanas durante esse estudo, que nos possibilitaram um entendimento amplo desde
o início do processo obsessivo até seu fim.
A
desobsessão compreende um momento onde desligamos um espírito obsessor de seu
obsidiado. Apesar de parecer simples, esse é um trabalho minucioso, executado
por inúmeras forças, que pode demorar muito tempo ou ser mais imediatista, tudo depende de como essa obsessão acontece e do merecimento de ambos os indivíduos.
Note
que nem todas as pessoas que frequentam os terreiros de umbanda e estão acompanhadas,
têm-se desligadas em um primeiro momento, isso ocorre porque ela está em simbiose (visto acima) e é justamente por esse motivo que, se retiramos de uma vez o que precisa ser
retirado, essa pessoa irá novamente, consciente ou inconsciente de tal ato, tornar-se parte de outro processo obsessivo por sentir um vazio incompreendido.
Sob
esse aspecto, nós realizamos este trabalho até onde nos é permitido, mas
contamos com a ajuda deste consulente para que alcancemos o resultado esperado.
Isso engloba a mudança de hábitos, atitudes e pensamentos, a tal reforma íntima que tanto ouvimos falar, e aqui eu vos
pergunto: até onde estamos dispostos a mudar? Será que vamos nos sabotar?
Esses
espíritos que foram ou serão retirados de seus obsidiados, são levados pela Lei
Maior para o seu lugar de merecimento, onde muitas vezes serão esclarecidos,
ajudados e tratados, para que sigam em um novo começo.
Não,
eles não estão aqui infiltrados. A partir do momento em que esses espíritos
adentram o Templo, é porque vos foi permitido, afinal, estamos diante uma
fortaleza, protegida por guardiões que guardam nossas casas e nossas porteiras.
Não teriam falhas em um trabalho perfeito. E se estamos aqui para ajudar, quem
somos nós para negar ajuda a quem precisa?
Uma das lembranças mais fortes que tenho sobre o assunto, foi uma ocorrência de uma Gira de Esquerda, logo após eu realizar meu primeiro transporte. Inexperiente, comecei a pedir desculpas a minha Yá pelo que havia acabado de acontecer. Com todo amor que poderia ter naquele momento, ajoelhada ao meu lado, ela viria a me dizer algo que jamais esqueci:
Uma das lembranças mais fortes que tenho sobre o assunto, foi uma ocorrência de uma Gira de Esquerda, logo após eu realizar meu primeiro transporte. Inexperiente, comecei a pedir desculpas a minha Yá pelo que havia acabado de acontecer. Com todo amor que poderia ter naquele momento, ajoelhada ao meu lado, ela viria a me dizer algo que jamais esqueci:
“Nada
acontece aqui sem a permissão do S. Capa. Se aconteceu, foi porque esse
irmão mereceu a ajuda e você estava pronta para isso, teve a ordem dele, não se
sinta mal. Não tenha pressa, respire devagar e levante-se somente quando
estiver pronta.” E ela esteve comigo ali, até o último instante.
Definido
por Rubens Saraceni, a mediunidade de transporte consiste no ato de transportar
um espírito que está agindo sobre determinada pessoa, para que esse possa se
manifestar por intermédio do médium e ser retirado do campo vibratório de seu
obsidiado. Então, sempre que necessário, seja para que o consulente se dê conta
do que o acompanha ou não, são esses os médiuns que executam tal trabalho.
Para
aqueles que participam e realizam o transporte, continuo a achar um trabalho caritativo,
de real amor ao divino e ao próximo, pois exige dedicação, firmeza e equilíbrio
já que lidamos com energias desconhecidas e sofremos um gasto energético muito
grande.
“Se alguém chora, enxugue-lhe as lágrimas. Se ele sente dores,
cure-o. Se está aflito, acalme-o, e se odeia, ame-o. Somente uma ação
contrária e oposta à vivida por alguém atormentado pode tirá-lo
das trevas da ignorância e encaminhá-lo à Luz Divina.”
das trevas da ignorância e encaminhá-lo à Luz Divina.”
(Diálogo com um Executor)
Quanto
as sensações? Quase sempre são as mais angustiantes possíveis: tristeza, medo,
desespero, dor... A respiração pesa, a coluna queima, as pernas bambeiam e o
coração bate desenfreado. A instabilidade de sentimentos e pensamentos nos invadem e, de repente, migramos para “outra realidade”... uns pedem ajuda, outros dizem o
porquê estão ali e tem uns que nem falam. O que posso tirar de lição? Essa é a pergunta que me faço. Para executar essa tarefa, precisamos aprender a ser a ponte que serve de caminho e não a esponja que tudo absorve.
Nesse
momento, se você está sustentando todo esse trabalho, saiba que sua função é tão importante como a de quem está transportando. Mantenha a firmeza, eleve
seus pensamentos e peça que esse irmão seja encaminhado.
Não posso te dizer o que você precisará fazer ou falar, porque não existe fórmula
mágica, palavras moldadas ou atos que sejam tidos como obrigatórios. Cada realidade
é uma realidade e todos são indivíduos diferentes, mas uma coisa é comum a
qualquer situação... Já ouviu dizer que o ódio só no amor tem cura? Você está
pronto para isso? Pois é exatamente aqui que começa o nosso trabalho! Intua!
E se me permite, espero que um dia eu possa ouvir suas experiências como agora lhe contei as minhas! Não se esqueça: vamos tratar o ódio com amor! Sejamos luz!
E se me permite, espero que um dia eu possa ouvir suas experiências como agora lhe contei as minhas! Não se esqueça: vamos tratar o ódio com amor! Sejamos luz!
Muito axé, caro leitor!
ANOTA AÍ - DICAS DE LEITURA:
Se você gostou tanto quanto eu de aprender um pouco mais sobre a Obsessão, deixo aqui a sugestão de algumas leituras que foram fundamentais para mim ao longo desse estudo e que utilizei como referências para o assunto discutido acima.
Obsessão e Desobsessão Suely Caldas Schubert |
Falando com os Espíritos Américo Sucena |
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