Sete Linhas de Umbanda

Saravá irmãos!

Quando cheguei na religião ouvia constantemente falarem sobre as Sete Linhas de Umbanda, mas confesso que não faz muito tempo que entendi definitivamente o que estas representavam. Até aqui, foi preciso muito estudo e uma busca por inúmeras explicações pela qual tornasse fácil aquilo que me parecia difícil. Se você também tem dificuldade para compreender o assunto, não se preocupe, estou aqui para tentar fazer o mesmo por você.

Desde que nossa religião foi anunciada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas através de Zélio Fernandino de Moraes, 111 anos atrás, esse assunto ganhou ao menos uma dúzia de definições, todas propostas por autores que na época entendiam e viviam a Umbanda de modos diferentes. Inúmeros elementos foram incorporados e retirados das mesmas desde então até a escrita de Rubens Saraceni, a mais atual.

"Mas Malu, qual é a definição certa?"

Costumo dizer que não existe o certo ou errado, mas nesse caso, em especial, o que diferencia cada uma das definições são a época em que foram escritas e a bagagem que cada um desses autores tinha para julgar seus estudos e pensamentos como corretos. Se formos conectar as explicações, enquanto umas ganharam uma linha de pensamento completamente nova, outros apenas reformularam as explicações anteriores. Mas desde as psicografias de Rubens Saraceni e seus estudos, seus escritos vem sendo utilizados pela grande maioria dos dirigentes em seus terreiros para compreensão do assunto, por isso, para essa matéria tomo Rubens Saraceni como referência.

Para começarmos quero que você pense em Deus como o Universo, como a razão de tudo, o começo e o fim. Ambiguidade. Imagine ele tão pleno em si, que escolhesse dividir suas virtudes em sete para dar à seus filhos o melhor de sua essência, o que julga vital a existência planetária e de todos os seres. Pois bem, se Deus é o início e o fim, as Sete Linhas são partes de si, suas virtudes dispostas em sete vibrações, são elas: Fé, Amor, Conhecimento, Justiça, Lei, Evolução e Geração.

Mas como Deus é perfeito, direcionou para cada uma de suas virtudes dois Orixás, um masculino e um feminino, que trazem consigo além da representação dessa qualidade, o equilíbrio para conosco, não permitindo que ocorram excessos ou faltas Delas e Dele em nós.


Para que você entenda melhor, esses Orixás recebem duas classificações principais: Universais e Cósmicos. Os Orixás Universais atuam potencializando nossos sentimentos e virtudes e os Orixás Cósmicos atuam em nosso negativismo, ou seja, são reparadores e transformadores. Eles precisam trabalhar juntos e conforme nossas necessidades, para que estejamos sempre em equilíbrio com o Universo. Dessa forma, fica mais fácil compreender que as Sete Linhas de Umbanda dizem respeito a sete vibrações divinas e quatorze Orixás, onde um é Universal, potencializando nossas virtudes e outro é Cósmico, trabalhando nosso negativismo.

Apenas para esclarecer, não existem apenas os quatorze Orixás que aqui serão referenciados, existe uma infinidade deles, muitos ainda até desconhecidos e pouco cultuados pelas religiões. A espiritualidade tem lá seus mistérios, não é? Já diria Alexandre Cumino: As linhas são sete, os Orixás são muitos.

Se Deus é o Todo e suas partes são as sete vibrações, vamos à elas:


Preferi trabalhar com um esquema de cores e estrutura para facilitar o entendimento de vocês do que estudamos acima. Azul representa as sete vibrações que emanam de Deus/ Olorum/ Zambi, o amarelo representa os Orixás Universais e o laranja, os Orixás Cósmicos, sendo que ambos integram juntos uma das sete linhas, que são fundamentais a nossa existência universal. 

Se pararmos para refletir, entender as linhas de trabalho, os Orixás e nossa própria religião se torna mais fácil após estudarmos esse assunto. Tudo ganha um formato sólido e integrativo. Tudo parece um. E para nós, como centelhas divinas e filhos do Criador, o amparo de cada uma das sete linhas e de todos os Orixás acontece de forma constante, por isso, não se esqueça de agradecer a cada um deles em suas preces.

Nas matérias que se sucederão, falaremos sobre os Arquétipos de Umbanda e os Orixás em caráter individual para compreender seu campo de ação.

Dúvidas são válidas e a curiosidade também, nos pergunte!
Muito axé!

Comentários

  1. Na lição fala sobre as classificações dos Orixás e ambas precisam trabalhar juntas, me dúvida é; se o filho possui em seu Ori por exemplo apenas Orixás Universais isso pode causar algum tipo de desequilíbrio? Esse filho teria que orar e vigiar um pouco mais?

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    1. Olá!

      Cada Orixá possui em si uma característica definidora dentro das Sete Linhas e o equilíbrio reside exatamente na potencialização das nossas virtudes ou absorção dos nossos negativismos. Eles sabem exatamente quando, onde e como agir.

      No caso do nosso Orí ou Coroa, você com certeza já deve ter falado em Orixá de Frente e Orixá Adjunto, esses são os maiores exemplos que podemos ter. Enquanto um atua em nosso racional o outro atua em nosso emocional justamente para promover o equilíbrio.

      Trazendo sua colocação, mesmo que ambos fossem Orixás Universais, eles poderiam tanto potencializar suas virtudes quanto neutraliza-las para evitar negativismos, tudo dentro de sua atuação. Isso acontece de acordo com nossa necessidade e livre-arbítrio e o mesmo se aplica no inverso. Eles potencializam aquilo que precisa ser potencializado e absorvem aquilo que precisa ser absorvido, ou neutralizam, equilibrando nossa racionalidade e emoção. Por isso as características de nossos pais e mães de cabeças podem ser notadas em nós, mas acima de tudo, mesmo sob o amparo divino, nosso livre-arbítrio molda quem somos, não podemos esquecer isso.

      Caso ainda tenha dúvidas, sigo à disposição!
      Muito axé!

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